A criminalidade da Pixação


Escrita Urbana-Vol.2

Pixador desde 1996 Djan Ivson  vive hoje entre o anonimato e a fama, o pixador que já teve sua arte estampada na fundação Cartier na França relata que as diferenças culturais são enormes, onde, na amostra feita na França a Pixação foi reconhecida como uma arte marginal libertária e no Brasil ela é apenas mais uma arte de rua criminalizada. Ele que foi um dos pioneiros no reconhecimento do pixo como forma de arte, hoje com 31 anos não pratica mais com tanta freqüência, mas suas ideologias assim como sua identidade construída e envolvidas neste tipo de cultura ainda o faz ativo  na luta do reconhecimento da pixação. Ele produz e participa diversos projetos em paralelo como os 100COMÉDIA e o ESCRITA URBANA, onde faz relatos de suas empreitadas e ensina sobre o assunto de forma vivencial.
Exposição Fundação Cartier-França
Ainda hoje podemos ver pixações suas no centro velho de São Paulo que datam de 2000,
 Djan conta que cresceu em uma casa onde só haviam mulheres por isso foi de encontro ao que as ruas lhe ofereciam, começou a pixar com 14 anos, onde foi se envolvendo cada vez mais com este tipo de cultura e conhecendo suas vertentes. Mas o tipo de pixação que  sempre fez é tipo de pixação em forma de protesto, como o iniciado na época da ditadura militar, onde não haviam preocupações estéticas, mas sim, o apelo político, a preocupação estética se estendeu por volta dos anos 80, e nos anos 90, onde a pixação buscou influências na ideologia anarquista e na estética Punk, buscavam as influências estéticas em capas de discos da época e se baseava em uma atitude rebelde. O que faz com que se inicie, relata Djan, é mesmo a ilegalidade, e é aí onde entra a sociedade que reprime.

Djan Ivson relata que já foi flagrado por diversas vezes, por moradores, mas principalmente por policiais que pintavam seu corpo com sua própria tinta e o agrediam fisicamente.  Quando questionado a respeito da polícia, ou até mesmo de guardas, e moradores que atacam sem perguntas, Djan conta que as vezes “é melhor optar por apanhar e sair pintado, do que com um processo nas costas”. Como já falado anteriormente, e relatado na matéria do Caso do Pixador flagrado na SuperVia, diversos pixadores passam por situações  como esta, onde quando são flagrados os policiais ou guardas agridem fisicamente para que o pixador não seja levado à delegacia mas ao mesmo tempo tenha um “castigo” pelo ato.

                                      “Você se coloca no lugar dos donos dos estabelecimentos (públicos/privados) que são pixados ?”

Quando questionado a respeito da opinião pública, o que é importante comentar, já que, a pixação não é vista com bons olhos pela mídia e pelos próprios brasileiros, Djan avalia que “para um pixador a cidade é o suporte, sua tela, que não há o apego pelos prédios ou instituções pixadas. Visto por um pixador, este ato não é tratado como degradação, até por que é uma ocupação efêmera como forma de protesto”, e ainda questiona “O que é mais autoritário: meu pixo, ou seu muro, que também foi construído sem intenção de consulta?” Ele relata que “ a sociedade não tem participação da criação da própria cidade, e que o pixo só existe pois o muro foi negado primeiro” .

Pixação Cripta -Djan Ivson
Djan destaca que, naturalmente, a criminalização na pixação é descabida e necessária. Ao mesmo tempo em que busca e ocupa seu espaço por ser uma arte de rua no Brasil, a pixação  não se manteria se não fosse pela criminalidade, é uma arte que busca independência de financiamentos privados e públicos e busca enfatizar a arte do protesto, onde a essência se encontra na ilegalidade. A pixação participa hoje de um dos momentos de auge, onde tem seu reconhecimento como forma de arte, mas a criminalização se faz necessária para que esta arte ainda continue por si só, um âmbito controverso mas que ainda se mantém desde os anos da ditadura evoluindo sempre e buscando novos objetivos




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