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Por quê, Pixador ?!

 “São códigos urbanos. Caracteres que falam sobre determinado grupo. Uma iconografia urbana. É uma arte que não existe sem conflito” Esta foi uma frase usada pelo grafiteiro Babu Seteoito para descrever a pichação, e é dessa forma que a pichação é vista em seus grupos: como forma de arte. Esta é uma arte urbana que não é vista por todos com bons olhos. A pichação, apesar de direcionada à subgrupos, é um movimento que afeta a sociedade e democracia em geral, por ser uma arte visual feita ilegalmente em lugares públicos. Mas, é exatamente neste sentido que a pichação quer ser reconhecida pois, como os próprios pichadores afirmam, se a pichação fosse algo legal como é o graffiti hoje, eles não o fariam.


Ao iniciarem na pichação, jovens de geralmente 14 a 17 anos entram em contato com um mundo totalmente diferente daquele vivido antes, novas experiências e repertórios, novas formas de perceber diferentes tipos de beleza, novas músicas tornam-se de seu gosto, sua vida nessa fase de formação tem uma mudança brusca, mudando sua forma de pensar, e até mesmo de viver, mudam suas prioridades e escolhas a partir destes novos conceitos. Não discutimos aqui se estas mudanças causadas a este jovem são boas ou ruins, pois este novo integrante pode atrelar seus novos conhecimentos e experiências a algo positivo ou, como pode acontecer, mudar de uma maneira agressiva. É necessário reconhecer que neste movimento existem grupos "pesados" que desenvolvem a pichação em vertentes diferentes. Neste momento de início na pichação, ele vai ganhando notoriedade, e cada vez mais reconhecimento nos grupos que compartilham da mesma cultura, e isto é o que um pichador mais deseja: o reconhecimento em seu grupo, mais “Ibope”, quanto maior seu ibope maior ele será, mais respeitado, mais desejado... A essência deste movimento como em seu início é, e sempre será, a forma de expressão como rebeldia e desafio a convenções sociais. Porém, atualmente, a pichação gira em algo além desta rebeldia, que se trata da disputa de reconhecimento, e é em torno desta disputa que a pichação se alastra, cada um quer a assinatura de seu grupo mais alta - quanto mais alto estiverem suas marcas mais Ibope o pichador terá - e assim cada grupo vai se superando nessa disputa que é, normalmente interminável.
Encontro dos Pixadores de São Paulo- República

O jovem que está em fase de transição e formação pode ir em busca desses grupos, e cada vez mais se identificar com ele, com sua ideologia que vai exercendo influência em sua identidade. Suas experiências e vivências, diante da construção de sua identidade, são somadas à necessidade de Ibope, e também aquilo que um pichador mais busca: desafiar as convenções sociais através de sua arte, vivenciar experiências de perigo em busca de adrenalina, incorporado a ilegalidade.

Estas experiências - cada pichação, apreensão, acidente, repúdio - independente das vertentes em que este jovem se inseriu vão tornando-o ao longo do tempo, protetor de sua própria arte e ideologia que podem acompanhá-lo para o resto da vida, pois como vemos hoje temos pichadores de 14 até 40 anos, ou podem ser apenas um desejo de um jovem em formação em busca de algo novo e diferente, mas, com certeza, as experiências vividas nesta fase o acompanharão para o resto da vida.

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